"Nenhuma administração herda uma situação mais desafiadora do que aquela com a qual estamos lidando atualmente", declarou Javier Milei em sua primeira fala como líder da Argentina. Anteriormente, Milei assumiu seu cargo no Congresso Nacional, o local tradicional para os primeiros discursos presidenciais.
O líder de extrema-direita, no entanto, optou por desviar do procedimento padrão e realizar seu discurso inaugural fora das instalações do Congresso, dirigindo-se aos seus seguidores que se reuniram em grande número na praça em frente ao edifício.
"Estamos iniciando um novo capítulo na história da Argentina. Hoje, encerramos um período prolongado e sombrio de declínio e começamos a trilhar um caminho de reconstrução para nossa nação. [...] Este dia marca o início de uma fase inédita na Argentina.
Uma fase caracterizada pela paz e prosperidade, pelo crescimento e desenvolvimento, pela liberdade e progresso", declarou Milei, estabelecendo um paralelo entre sua vitória e a queda do Muro de Berlim, que simbolizou o término da Guerra Fria.
"Assim como o colapso do Muro de Berlim assinalou o fim de uma era trágica para o mundo, estas eleições representam um ponto de virada em nossa história", enfatizou ele.
Centrando-se nas questões econômicas, a fala de Milei foi, conforme previsto, não alinhada com a política convencional, destacando-se como uma defesa da liberdade e da redução do papel do Estado.
"Por mais de um século, os líderes políticos persistiram em apoiar um modelo que, em última instância, resulta em pobreza, estagnação e miséria.
Esse modelo pressupõe que os cidadãos existem apenas para servir à política, em vez de reconhecer que a política deve servir aos cidadãos. Este paradigma revelou-se um fracasso, não apenas em escala global, mas particularmente em nosso próprio país", afirmou ele.
No decorrer de sua fala, Milei foi saudado pelos seus seguidores que bradavam o seu nome e entoavam cânticos de "Liberdade, liberdade".
Após expressar críticas à classe política, ao kirchnerismo e à crise econômica na Argentina, Milei afirmou seu compromisso em combater vigorosamente para reduzir a elevada taxa de inflação. Para alcançar esse objetivo, ele advogou pela necessidade de uma "transição única" por meio de um rigoroso programa de ajuste fiscal.
"A implementação do ajuste é inevitável; não há outra opção senão adotar medidas drásticas", declarou ele. "Não dispomos de espaço para debates; nosso país demanda intervenção, e uma intervenção imediata", acrescentou.
Milei recebeu aplausos ao sustentar a necessidade de um "ajuste fiscal direcionado ao setor público", destacando que, diferentemente do que ocorria anteriormente, esse ajuste será predominantemente reduzido e recairá sobre o Estado.
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